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22/04/2024 às 16h45min - Atualizada em 23/04/2024 às 06h43min

Dengue no Brasil: emergência e engajamento 

*Ana Paula Weinfurter Lima Coimbra de Oliveira 

Valquiria Cristina da Silva Marchiori
Rodrigo Leal

Com base nos últimos dados divulgados pelo Ministério da Saúde, já alcançamos um milhão e meio de casos prováveis de dengue em 2024. Só no Paraná, o último boletim do dia 12 de março, indica 17.044 casos novos. Percebendo que ainda não chegamos nem ao fim de março e considerarmos a situação atual como uma emergência não é, nem de longe, um exagero.  

Aos que acompanham as notícias nos veículos de comunicação, é possível perceber que uma série de iniciativas têm sido implementadas pelos governos nas esferas estadual e federal em uma tentativa de reduzir os casos de dengue. Várias equipes de agentes de saúde têm feito campanhas de conscientização, mutirões de visitas nas residências e aplicação de medidas para diminuição da população de mosquitos. 

Uma das estratégias mais importantes foi a disponibilização da vacina. Entretanto, mesmo iniciando com uma faixa etária restrita, as vacinas têm sobrado nos postos de saúde dos municípios contemplados. A aplicação iniciou em 9 de fevereiro e, até o momento, apenas 11% das doses repassadas foram aplicadas, segundo dados do Ministério. 

Muito se tem falado dos efeitos do fenômeno El Niño que, por conta do aumento do calor e da umidade, auxilia na proliferação do mosquito transmissor. De fato, chuvas e calor intensos se combinam para acelerar a reprodução do Aedes aegypti, mas será que devemos culpar apenas a situação climática? 

Já adianto que não devemos e não podemos fazer isso. No caso da dengue, estamos diante de uma doença que depende do engajamento da população. Estratégias governamentais de combate ao mosquito são importantes, mas de pouco resultado, principalmente, se a população continuar a não ouvir ou não atender às recomendações. 

O Aedes aegypti já está altamente adaptado ao ambiente urbano e precisa de cada vez menos de condições consideradas ideais para reprodução. Os ovos eclodem em menos de 30 minutos ao terem contato com a água, as larvas levam de 8 a 10 dias para se transformarem em um mosquito adulto. Uma simples tampinha de garrafa com água acumulada em uma calçada ou terreno, já é o suficiente para se tornar um criadouro. 

Andando pela sua cidade quantas tampinhas, marmitas vazias, garrafas pet você encontra? Em quantos terrenos sem roçada frequente você passa no caminho para casa ou para o trabalho? Todos são possíveis criadouros e focos de disseminação da doença. 

A baixa adesão à vacinação é incompreensível, principalmente, após a experiência recente com a COVID-19 para a qual a única solução que nos tirou da pandemia foi a aplicação da vacina. 

Mas infelizmente, enquanto a população não tomar a frente de verdade, agindo com cidadania, percebendo que a ação de um afeta a todos, ainda estaremos enfrentando dias muito difíceis. 

*Ana Paula Weinfurter Lima Coimbra de Oliveira é farmacêutica, especialista em Citologia Clínica, mestre em Ciências Farmacêuticas, coordenadora de cursos de pós-graduação na área de Saúde no Centro Universitário Internacional Uninter. 


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