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14/03/2023 às 16h00min - Atualizada em 15/03/2023 às 00h00min

Billie Eilish estreia no Brasil com turnê 'Happier than ever', que a confirmou como a voz do novo pop

Cantora teve show no Brasil cancelado em 2020, quando era revelação, e chega 3 anos depois, mais séria e experiente. Ela vem ao Lollapalooza em turnê do 2º álbum, que tem até bossa nova.

Pop e Arte

Cantora teve show no Brasil cancelado em 2020, quando era revelação, e chega 3 anos depois, mais séria e experiente. Ela vem ao Lollapalooza em turnê do 2º álbum, que tem até bossa nova. Billie Eilish lança 'NDA' e assina videoclipe de single que integra novo álbum
Reprodução/Instagram

A estreia da Billie Eilish no Brasil estava marcada para maio de 2020, mas chega quase três anos depois. O atraso foi por conta da pandemia, claro. Mas há uma vantagem: o intervalo a levou do status de revelação para o de grande voz da nova música pop.

Ela é a atração principal do primeiro dia do Lollapalooza 2023 em São Paulo, nesta sexta-feira (24). 
Se o show fosse em 2020, os fãs brasileiros não ouviriam as músicas do “Happier than ever” (2021), segundo álbum dela. E não veria uma Billie Eilish ainda mais segura no palco.
Em 2022, ela foi headliner dos dois principais festivais do mundo: Coachella, nos EUA, e Glastonbury, na Inglaterra.

Como é a turnê atual?
Nessa turnê, ela costuma tocar o “Happier than ever” quase todo. O álbum cumpriu o desafio que botaram nas costas da Billie Eilish de ser a voz mais instigante dessa geração.
Não sem drama: a ex-"garota comum" voltou menos zoeira e mais adulta, mas ainda mordaz, movida pela força do ódio.

O disco é mais sério do que a bombástica estreia "When We All Fall Asleep, Where Do We Go?" (2019). Se antes ela revirava os olhos com a vida de adolescente e inventava histórias de terror, agora ela disseca os dramas de relações abusivas no trabalho e no amor.

A dupla com o irmão Finneas, que injetou criatividade e frescor no pop com música eletrônica produzida no quarto, segue afiada. Eles seguem expandindo os horizontes, mais confiantes, e vão do techno ("Oxytocin") à bossa nova (título autoexplicativo "Billie bossa nova").

Pianinho e melodia suaves enganam só quem não a conhece. É uma canção doce-ácida. Billie fala da fama do seu jeitinho cruel: "Estranhos costumam me querer mais do que ninguém já quis / Pena que são todos malucos". E fica mais pesado: "Não foi minha decisão ser abusada".
"I didn't change my number"

O álbum é um grande morde e assopra. Se o começo foi o sopro, essa começa com barulhos de cachorros ou outro animal saindo da jaula. Finneas brilha nas colagens eletrônicas. Para balancear a autoironia anterior, aqui ela morde e é direta: "Você devia ir embora antes de eu ficar muito má".
"Billie bossa nova"

Sim, é uma bossa - simplificada e levemente eletrônica. O estilo vira trilha para Billie ironizar o falso glamour da vida em turnê e o mistério de sua vida amorosa. É o tipo de música que parece uma piada que ela e Finneas levaram longe demais. Só que o resultado é o mais fraco do disco (sorry, Brasil).

"My future"
Segura o clima próximo da bossa, agora com piano e melodia meio jazz. Bela música, uma das que revelam uma Billie com voz mais solta do que no primeiro disco. Começa com uma melancolia reflexiva e termina com otimismo juvenil: "Estou apaixonada pelo meu futuro".

"Oxytocin"
Eletrônica pulsante tipo "Bad Guy". Mas vai além no techno. Ocitocina é um hormônio feminino associado ao prazer sexual. Billie não está mais adulta só no sofrimento, e nessa música é sensual de uma forma que não se esperaria pelo primeiro álbum.

"GOLDWING"
A música mais cabeçuda do álbum começa com um hino religioso inspirado em um poema hinduísta e musicado pelo compositor inglês Gustav Holst. Depois vira EDM esquisitona. Billie diz que "é sobre querer proteger alguém em um estado depressivo".

"Lost cause"
R&B classudo da safra das músicas criadas com a força do trauma com o ex. Tem versos destruidores, daqueles que mostram que não é bom negócio partir o coração de Billie Eilish: "You think you're such an outlaw / But you got no job" (Você se acha tão fora da lei, mas não tem emprego). Ai.

"Halley’s Comet"
Só para contrariar, essa é balada fofinha mesmo. Produção e letra evocam noites apaixonadas e sonhos. "Estou sentada no quarto do meu irmão / Não durmo há uma semana, ou duas / Acho que posso ter me apaixonado / O que eu vou fazer?". Podia ser cafona, mas tem uma intimidade tocante.

Billie Eilish
Texto declamado que foi usado em shows em 2020. Billie fala sobre sua vida reclusa e sobre ser sempre alvo de julgamentos: "Se eu uso o que é confortável, não sou uma mulher / se reduzo as camadas, sou uma piranha". Resume as críticas mais idiotas sobre ela no primeiro / no segundo disco.

"Overheated"
Feita com uma batida aproveitada da faixa anterior, segundo Billie. A letra é mais doida, sem um tema óbvio, e tem trechos entre o rap e base eletrônica quebrada que lembra Radiohead - a base poderia ser algo do disco "Kid A", lançado em 2000, um ano antes do nascimento dela.

"Everybody dies"
"Todo mundo morre, surpresa, surpresa". O medo da morte e do abandono tratado desse jeito irônico é muito Billie Eilish. Outra música em que ela solta bastante a voz e não deixa a gente escutar quem reclama que Billie só sabe sussurrar.

"Your power"
Executivos de gravadora devem ter tido orgasmos ao ouvir esse violão, a coisa mais radiofônica (ou "streamofônica") que ela já fez. Mas não é pop bobinho - pelo contrário. É a letra em que ela fala mais diretamente da relação abusiva com o rapper Brandon Adams, quando ele tinha 22 e ela, 16.

"NDA"
Outra sobre as agruras da vida de celebridades. "NDA" é o famoso contrato de confidencialidade que os famosos fazem as pesoas assinarem. Começa puxada para o rap com a cara da ex-adolescente fã de Tyler the Creator e depois faz uma virada doida para uma eletrônica arrastada.

"Therefore I am"
O título cita aquela frase de René Descartes: "Penso, logo existo". A letra é carregada da repulsa que Billie exala no disco, com um vocal robótico: "Eu não quero que a imprensa coloque meu nome do lado do seu". Para compensar a citação filosófica, o clipe tem Billie zoando no shopping.

"Happier Than Ever"
Na faixa-título está o clímax. E é bom demais. Começa morna como um folk lo-fi com ukulele que resume a história de libertação de abusos e a busca pela felicidade no álbum ("Quando estou longe de você / Estou mais feliz do que nunca").
Aí explode com guitarras saturadas - que aliás, também lembram Radiohead - e rancor ("Você arruinou tudo que é bom"). Um dos dois melhores momentos de rock de 2021 para mulheres vibrarem e homens sentirem vergonha, ao lado de "Good 4 U" da Olivia Rodrigo.

"Male fantasy"
Termina como começa: balada doce-ácida. Os versos merecem citação maior pois são bons demais: "Em casa sozinha, tentando não comer, me distraindo com pornografia / Odeio o jeito que ela olha para mim / Não aguento o diálogo / Ela nunca ia estar tão satisfeita, essa é uma fantasia masculina / Vou voltar para a terapia".

Só que, depois de tanto rancor, Billie termina melancólica: "Não consigo te superar / Não importa o que eu faça / Eu sei que eu deveria, mas eu nunca poderia te odiar". Como assim, Billie? Não dá pra entender direito o finzinho, só saber que nada é óbvio no caso de Billie Eilish - ainda bem.

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Fonte: https://g1.globo.com/pop-arte/musica/lollapalooza/2023/noticia/2023/03/14/billie-eilish-estreia-no-brasil-com-turne-happier-than-ever-que-a-confirmou-como-a-voz-do-novo-pop.ghtml
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