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24/09/2021 às 06h56min - Atualizada em 24/09/2021 às 06h56min

Ministério Público cria força-tarefa para investigar Prevent Senior

Inquérito apura se aplicação de medicamentos sem eficácia comprovada contra Covid configura como crime de homicídio

Rubens Cavallari/Folhapress
Rubens Cavallari/Folhapress
Fachada do hospital Santa Maggiore, da Prevent Senior - Rubens Cavallari/Folhapress

Nesta quinta-feira (23), a Procuradoria-Geral de Justiça de São Paulo designou quatro promotores para compor uma força-tarefa para o caso Prevent Sênior.

Em nota, o órgão afirma que os promotores Everton Zanella, Fernando Pereira, Nelson dos Santos Pereira Júnior e Neudival Mascarenhas Filho vão acompanhar um inquérito policial que tramita no DHPP (Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa) para apurar se a aplicação de medicamentos sem eficácia comprovada contra a Covid-19 em pacientes que morreram se configura como crime de homícidio.

Além disso, a ideia é que a força-tarefa auxilie na investigação que será conduzida a partir de dossiê contra a operadora entregue à CPI da Covid. O anúncio quanto ao envio dos documentos ao Ministério Público foi realizado por Renan Calheiros, relator da CPI, na quarta-feira (22). A partir da análise desse material, a instituição poderá abrir investigação no âmbito criminal.

O MP já tem um inquérito civil instaurado pela Promotoria da Saúde contra a Prevent Senior para apurar se houve danos morais coletivos de responsabilidade do plano de saúde por pressionar seus médicos conveniados a entregarem o chamado "kit covid" de forma irregular aos pacientes.

Na quarta, em depoimento em Brasília, o diretor-executivo da Prevent Senior, Pedro Benedito Batista Júnior, afirmou que a operadora adotou procedimento para alterar o código de diagnóstico de pacientes com Covid-19. Assim, a doença deixava de ser mencionada após determinados dias de internação.

Segundo ele, isso ocorria para que os pacientes não fossem mais considerados como infectados pelo coronavírus após um certo período.

"Todos os pacientes com suspeita ou confirmados de Covid, na necessidade de isolamento, quando entravam no hospital, precisavam receber o B34.2, que é o CID de Covid. E, após 14 dias, ou 21 dias, para quem estava em UTI, se esses pacientes já tinham passado dessa data, o CID poderia já ser modificado, porque eles não representavam mais risco para a população do hospital", afirmou o diretor.

No dossiê entregue à CPI, essa prática é denunciada por, segundo o material, servir para ocultar eventuais problemas com o chamado tratamento precoce. Em particular, o documento menciona os casos do médico Anthony Wong e Regina Hang, mãe do empresário bolsonarista Luciano Hang —ambos morreram de Covid-19.

O dossiê, elaborado por médicos da própria operadora, aponta ainda que mortes foram ocultadas em um estudo com hidroxicloroquina. Batista Júnior rebateu essas acusações e afirmou que os autores da denúncia fraudaram uma planilha com os resultados dessa pesquisa.

O diretor disse que os óbitos em questão foram registrados após o fechamento dos dados, por isso não foram computados.

O depoente também negou que a operadora enviasse kits de medicamento, como os que constituem o tratamento precoce, indiscriminadamente para os pacientes. Para Batista Júnior, as prescrições eram individualizadas, mas clientes da operadora passaram a exigir a prescrição do "kit Covid" por causa de falas do presidente Jair Bolsonaro e outras personalidades.

O diretor da Prevent negou ainda que ele ou a operadora tivessem relação com o chamado "gabinete paralelo", estrutura de aconselhamento de Bolsonaro para temas da pandemia fora do Ministério da Saúde.


Rubens Cavallari/Folhapress

 


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