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07/09/2021 às 13h41min - Atualizada em 07/09/2021 às 14h00min

Escola pública do DF, criada pela Embaixada do México nos anos 1960, usa animais para integrar alunos autistas

Cabras, galinhas, patos e coelhos fazem parte da proposta pedagógica de inclusão. Atualmente, Escola Classe da Granja do Torto tem 185 alunos, sendo três deles autistas.

G1
https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2021/09/07/escola-publica-do-df-criada-pela-embaixada-do-mexico-nos-anos-1960-usa-animais-para-integrar-alunos-autistas.ghtml

Cabras, galinhas, patos e coelhos fazem parte da proposta pedagógica de inclusão. Atualmente, Escola Classe da Granja do Torto tem 185 alunos, sendo três deles autistas. Cabras que vivem na Escola Classe Granja do Torto ajudam na adaptação de crianças autistas, no DF
TV Globo/Reprodução
A Escola Classe Granja do Torto, no Distrito Federal, é a mais antiga da região. Fundada em 1967, pela Embaixada do México, ela faz parte da rede pública de ensino e atende crianças da educação infantil e do ensino fundamental.
O colégio fica a cerca de 16 quilômetros do centro de Brasília e, para quem visita a escola pela primeira vez, o que mais chama a atenção são os animais no quintal: uma família de cabras, galinhas, patos e coelhos.
Os bichos fazem parte da proposta pedagógica da escola, que aposta na inclusão. Atualmente, são 185 alunos, sendo três deles autistas.
O trabalho começou em 2019, quando os pais de uma menina autista procuraram a direção para matricular a filha. A diretora Danielle Vieira Salles, que está no colégio há 22 anos, lembra que o casal queria saber como seria o atendimento à criança, que tinha quatro anos à época. Até então, o colégio não tinha nenhum aluno diagnosticado com autismo.
"Nós falamos pra família que a gente tinha muito amor, e que a gente ia estudar, mas que a prática a gente precisaria aprender com eles, se eles topassem. É uma família maravilhosa, que super topou e nos ensina muito até hoje", conta Danielle.
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Inclusão
Coelhos que vivem na Escola Classe Granja do Torto ajudam na adaptação de crianças autistas
TV Globo/Reprodução
A diretora lembra que, depois de muita pesquisa para descobrir como incluir e integrar a nova aluna às turmas regulares, veio a ideia de colocar animais no ambiente escolar para ajudar na adaptação.
"Nós vimos labradores, mas era difícil pra gente. Aí vi uma reportagem onde um veterinário levou para o apartamento dele uma mini cabra que tinha sido rejeitada pela mãe, e a filha dele melhorou em todos os aspectos pedagógicos, criando essa mini cabra. Aí, nós fomos atrás", lembra Danielle.
No começo de 2020, a direção conseguiu uma mini cabra e um mini bode. Eles chegaram ainda filhotes, e receberam os nomes de Cléo e Bebê.
Mas, no dia seguinte à chegada dos animais, o governo do Distrito Federal encerrou as aulas presenciais nas escolas, por causa da pandemia do novo coronavírus. A solução foi fazer o atendimento individual às crianças. "Vinha uma família de cada vez pra brincar com os animais".
Nesse período, os bichos foram cuidados pela equipe do Hospital Veterinário da Universidade de Brasília (UnB). Os profissionais fizeram a vacinação, o acompanhamento e prescreveram a alimentação.
Quando as aulas presenciais da rede pública do DF voltaram, em agosto passado, a família das cabras já tinha ganhado um novo integrante. A Frozen, filha da Cléo e do bode Bebê. O nome foi dado pelos veterinários.
"Eles vieram fazer o parto da Cléo numa madrugada muito, muito fria. Depois, eles pediram pra dar o nome da bebê de Frozen, por causa do frio da madrugada que ela nasceu."
Segundo a direção, o projeto de incluir os animais no projeto pedagógico tem sido bem sucedido. "Eles se aproximam mais. A interação, primeiro com os animais, leva à interação com o ambiente e, consequentemente, com as outras crianças que fazem parte desse ambiente. Acaba aproximando tudo, é muito natural", explica a diretora Danielle Vieira Salles.
Outros bichos
Animais ajudam no aprendizado de crianças autistas na Granja do Torto
Apesar da família de cabras ser o xodó das crianças, o primeiro bicho adotado foi o galo Lampião. Ele chegou em 2018, para a festa junina.
A ideia, era rifar o galo e, com o dinheiro, custear as atividades para o Dia das Crianças, em outubro. Mas os alunos se apegaram e, na hora do galo ir embora, as turmas se mobilizaram.
Depois de um apelo ao ganhador da rifa, a ave ficou. Acabou ganhando uma esposa, a galinha Maria Bonita.
Aos poucos, a escola criou um galinheiro e recebeu ainda coelhos e patos. Segundo a direção, todos os bichos são usados de forma didática.
"Tivemos uma turma com dificuldade em produção de texto, por exemplo. O professor veio pra dentro do galinheiro pra trabalhar a produção de texto. Saíram produções riquíssimas", diz Danielle.
Segundo ela, matemática é outra disciplina fácil de trabalhar no galinheiro. "A quantidade de ovos que elas colocam por dia. A quantidade de ovos que estão chocando. Quantos pintinhos nasceram desses ovos?", exemplifica.
"Trabalhamos também a culinária! Eles recolhem os ovos, vão pra cozinha, os merendeiros ensinam a fazer omelete, ensinam a fazer ovos mexidos. Acaba que a equipe inteira participa", defende a diretora.
Outro ponto importante é que os animais ajudam no equilíbrio do ambiente. "Nós tínhamos muito problema de escorpião. Com as galinhas, acabou o problema". Já as cabras, como pastam, ajudam a manter o terreno limpo.
Especialistas defendem iniciativa
Animais que vivem na Escola Classe Granja do Torto ajudam na adaptação de crianças autistas, no DF
TV Globo/Reprodução
"O contato com animais proporciona para a criança uma diminuição do cortisol, que é o hormônio responsável pela ansiedade. Então, principalmente no caso dos autistas, é bastante benéfico, porque ele traz aí a calma, o contato", diz a psicóloga Alessandra Oselieri.
Além de diminuir o estresse, a interação pode também auxiliar no convívio com os colegas e com professores.
"Eles podem ajudar na socialização da criança, então diminui agressividade, a ansiedade, ajudam também no trabalho das questões motoras. Então, são muitos benefícios que a gente pode usufruir através do contato com os pets", diz a psicóloga.
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Na Escola Classe da Granja do Torto, todo o trabalho é documentado. O projeto pedagógico traça a metodologia e registra os resultados.
Por que a Embaixada do México fundou a escola nos anos 1960?
O porquê de a Embaixada do México ter construído um colégio na Granja do Torto, em 1967, ainda é uma incógnita. "A história que a gente ouve é que as crianças estudavam em um lugar muito pequeno, sem estrutura alguma, mais pra baixo da Granja. Aí, a Embaixada do México se prontificou a construir uma escola, e fez a primeira salinha, que hoje funciona a educação infantil", conta a diretora Danielle Vieira Salles.
Leia outras notícias da região no G1 DF.

Fonte: https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2021/09/07/escola-publica-do-df-criada-pela-embaixada-do-mexico-nos-anos-1960-usa-animais-para-integrar-alunos-autistas.ghtml
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