Visto como um setor umbilicalmente ligado ao governo Bolsonaro, o agronegócio, ou pelo menos parte importante dele, divulgou na segunda-feira um manifesto fazendo uma defesa enfática da democracia e manifestando preocupação com “os atuais desafios à harmonia político-institucional e, como consequência, à estabilidade econômica e social em nosso país”. Sete entidades do setor, incluindo a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), afirmam que o Brasil não pode se apresentar ao mundo como “uma sociedade permanentemente tensionada em crises intermináveis ou em risco de retrocessos e rupturas institucionais”. Também ontem, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, suspendeu a divulgação de um manifesto bem mais brando elaborado incialmente pela Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) e encampado pela entidade. (G1)
Marcello Brito, presidente da Abag, foi o entrevistado de ontem do Roda Viva. “A gente poderia ter muito mais gente assinando o manifesto de hoje e vários me falaram que gostariam de participar. Mas me falaram ‘infelizmente eu preciso me abster’. ‘Eu preciso me abster porque a minha cadeia de abastecimento depende de uma canetada governamental’.” Assista à íntegra no YouTube. (Globo)
Oficialmente a Fiesp adiou o manifesto para que mais setores possam aderir. Nos bastidores, porém, Skaf admite que foi pressionado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), aliado de Bolsonaro. Segundo signatários do texto suspenso, Skaf deve favores a Lira por conta de demandas incluídas na reforma tributária. As demais entidades foram pegas de surpresa pelo recuo dos industriais paulistas. (Folha)
Sonia Racy: “A reação de Pedro Guimarães ao manifesto elaborado pela Febraban — e encampado pelo político Paulo Skaf da Fiesp como seu — não estava sendo esperada no mercado financeiro como um todo. O presidente da Caixa resolveu se retirar da federação, levando com ele o BB — banco público listado na B3.” (Estadão)