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27/10/2021 às 16h18min - Atualizada em 27/10/2021 às 16h18min

Haiti enfrenta escassez de combustível e gangue exige renúncia do primeiro-ministro

Líder de uma coalização de gangues que atua no país afirmou que Ariel Henry se demitir às 8h, às 8h05, liberamos os caminhões'

Brian EllsworthGessika Thomasda Reuters
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Pessoas passam por barricada em rua de Porto Príncipe, no Haiti; crise aumenta diante de sequestros organizados de pessoas e falta de combustível até para hospitais
Pessoas passam por barricada em rua de Porto Príncipe, no Haiti; crise aumenta diante de sequestros organizados de pessoas e falta de combustível até para hospitais Foto: Reuters

Brian EllsworthGessika Thomasda Reuters

em Porto Príncipe

As ruas do Haiti estavam excepcionalmente silenciosas nesta terça-feira (26) e os postos de gasolina permaneceram secos enquanto gangues bloqueavam a entrada dos portos que mantinham depósitos de combustível.

Em meio à escassez de combustível, o chefe da coalizão de gangues do país exige que o primeiro-ministro, Ariel Henry, renuncie.

A falta de combustível que já dura vários dias deixou os haitianos com poucas opções de transporte e forçou o fechamento de algumas empresas. Os hospitais, que dependem de geradores a diesel para garantir eletricidade devido aos apagões constantes, também podem ser afetados.

A situação pressionou ainda mais a população que já luta contra a crise econômica e uma onda de sequestros praticados por gangues, que inclui a captura, no início deste mês, de um grupo de missionários canadenses e americanos.

Jamaica prende colombiano suspeito de assassinar presidente haitiano Gangue haitiana exige R$ 95 milhões para liberação de missionários sequestrados Conheça a gangue por trás do sequestro de missionários americanos no Haiti

Jimmy “Barbecue” Cherizier, líder da coalizão de gangues denominada “G9”, que atua na área metropolitana da capital, Porto Príncipe, disse em uma entrevista de rádio na noite desta segunda que garantiria a passagem segura de caminhões de combustível se o primeiro-ministro deixar o cargo.

“As áreas sob o controle do G9 estão bloqueadas por um único motivo: exigimos a renúncia de Ariel Henry”, disse Cherizier em entrevista à Rádio Mega, do Haiti.

“Se Ariel Henry se demitir às 8h, às 8h05, vamos desobstruir a estrada e todos os caminhões vão poder passar para abastecer”, completou. Um porta-voz do escritório de Henry não respondeu a um pedido de comentário. A Reuters não conseguiu entrar em contato com Cherizier.

Suas declarações mostram como as gangues assumem um papel cada vez mais político após o assassinato do presidente Jovenel Moise em julho. Cherizier disse que Henry deveria “responder a perguntas” que o ligassem ao assassinato de Moise. Henry nega qualquer envolvimento.

As eleições haviam sido marcadas originalmente para novembro, mas foram suspensas depois que Henry, no mês passado, demitiu o conselho que organiza as eleições.

Críticos acusam os membros do conselho de serem favorável a Moise. Ele prometeu nomear um conselho apartidário que definirá uma nova data. Os sequestros estão nas manchetes há meses, já que haitianos de todas as classes sociais enfrentam esta prática por gangues cada vez mais poderosas.

Os missionários que viajavam pelo Christian Aid Ministries, com sede em Ohio, foram sequestrados por uma gangue chamada 400 Mawozo, que opera no leste da capital.

No total, a gangue pede R$ 95 milhões para liberação dos sequestrados. O Christian Aid Ministries pediu às pessoas em um comunicado nesta terça que se lembrassem tanto daqueles “sendo mantidos como reféns, bem como daqueles que estão se recuperando da experiência de serem sequestrados”.

O Departamento de Estado dos EUA disse na última semana que o governo Biden enviou uma “pequena equipe” para ajudar nos esforços de localização e libertação dos missionários.

O conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, disse que os Estados Unidos enviaram “um número significativo de especialistas em aplicação da lei e especialistas em recuperação de reféns” para o Haiti.

O departamento de ajuda externa do Haiti, BMPAD, que supervisiona a aquisição de combustível, afirmou em um vídeo que o país tinha 150 mil barris de diesel e 50 mil barris de gasolina, com outros 50 mil barris de gasolina programados para chegar nesta quarta-feira.

As empresas vêm alertando que podem ter que interromper as operações por falta de combustível. Já empresas de telecomunicações disseram que algumas torres de celular não estão mais em operação.

“Este é a pior que já vi”, disse um mototaxista esperando para pegar passageiros fora de Porto Príncipe, quando questionado sobre a escassez de combustível. Ele se recusou a dar seu nome.

Alguns motociclistas trafegam com um galão preso na lataria da moto na esperança de abastecê-las com o combustível vendido no mercado negro.

Um galão de gasolina no mercado negro agora pode custar US$ 20, em comparação com os preços típicos de postos de gasolina de cerca de US$ 2.

Os líderes da indústria de transporte convocaram greves para protestar contra a onda de sequestros, que afetou desproporcionalmente caminhoneiros e trabalhadores do transporte público.

A Unicef disse que negociou entregas de combustível para hospitais haitianos, mas que o provedor se recusou a fazer as entregas, alegando condições de segurança.

Em uma delegacia perto de Porto Príncipe, dois policiais não puderam trabalhar devido à falta de combustível, de acordo com um policial, que pediu para não ser identificado porque não estava autorizado a falar com repórteres. “A maioria de nossos veículos tem cerca de um quarto de tanque”, disse ele.

Com reportagem adicional de Brad Brooks; e edição de Rosalba O’Brien e Peter Cooney, da Reuters

 


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