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21/04/2023 às 06h00min - Atualizada em 22/04/2023 às 00h03min

Conheça políticas afirmativas para indígenas na Uefs: universidade na Bahia tem residência e auxílio para autodeclarados

Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) implementou primeiras políticas em 2007. O g1 conversou com alunos indígenas assistidos pelas medidas.

Educação
https://g1.globo.com/ba/bahia/noticia/2023/04/21/conheca-politicas-afirmativas-para-indigenas-na-uefs-universidade-na-bahia-tem-residencia-e-auxilio-para-autodeclarados.ghtml

Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) implementou primeiras políticas em 2007. O g1 conversou com alunos indígenas assistidos pelas medidas. Residência indígena na Uefs
Uefs
Nenhuma aldeia indígena está localizada na cidade de Feira de Santana - a maior parte delas está nas regiões norte e sul do estado. Apesar disso, por ser o segundo maior da Bahia, o município que fica a cerca de 100 km de Salvador, concentra uma população de mais de 1,1 mil indígenas.
Parte deles são estudantes da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), a primeira do Brasil a oferecer uma residência apenas para indígenas e auxílio financeiro, segundo a coordenadora pró-reitoria de Políticas Afirmativas e Assuntos Estudantis (PROPAAE), Renata Dias Souza.
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Ainda de acordo com a coordenadora, 61 estudantes autodeclarados estão com matrícula ativa no semestre de 2023.1. Eles estão distribuídos em mais de 10 cursos como Direito, Engenharias, Agronomia, Medicina, Odontologia, Pedagogia, Psicologia e muito mais.
“Essa vivência mais próxima faz com que toda a comunidade educativa se habitue com as particularidades de cada povo indígena. Hoje é normal os professores receberem documentos do pagé, do líder espiritual, explicando que o estudante vai precisar se ausentar para participar de rituais religiosos", detalhou coodenadora.
Estudantes indígenas durante eventos do abril indígena na Uefs
Uefs
As políticas afirmativas na Uefs começaram em 2007, quando foi criada a residência para estudantes indígenas.
A demanda surgiu de um grupo de alunos que não se sentia confortável em compartilhar a residência com pessoas não autodeclaradas indígenas. Para a estudante de agronomia, Cris Truká, natural de Cabrobró, em Pernambuco, morar com outros indígenas é importante para manter a saúde mental e as tradições vivas.
"Quando você sai da sua aldeia, há uma pressão. Quando você chega na universidade e vê que não é uma pessoa estereotipada, é mais uma pressão. Manter nossas práticas e conviver com os nossos é como não se afastar 100% da aldeia", explicou.
Durante 13 anos, estudantes indígenas foram recebidos na residência universitária sem precisar participar de editais e o próprios alunos faziam o controle da quantidade de pessoas que vivia no local. Em 2020, a residência foi regularizada e, desde então, quem deseja morar no local precisa passar por um processo de seleção feito pela Uefs.
Com a regulamentação, os residentes também passaram a receber uma bolsa auxílio que, atualmente, é de R$ 700.
"Eu não queria sair do meu território, mas precisei sair para estudar. Faz diferença ter a residência, porque aqui você pode ser quem você é, aqui você está com os seus parentes, pessoas que têm os costumes parecidos com os seus", explicou Antônio Neto, indígena Tumbalalá estudante de odontologia.
Também em 2010, todos os estudantes indígenas da universidade passaram a poder fazer as três refeições (café da manhã, almoço e jantar) gratuitamente no restaurante universitário.
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Cris Truká
Apesar de considerar a residência um avanço no ramo das políticas públicas para os indígenas nas universidades, Cris Truká pontua que muitos pontos ainda devem ser explorados pela instituição - e por tantas outras Brasil afora - para que a vivência dos indígenas seja mais próxima do ideal.
Um dos pontos mais importantes, segundo ela, é a assistência de saúde. Sair de uma aldeia e viver na cidade grande, fisicamente longe da cultura e das tradições indígenas, mexe muito com o psicológico dos estudantes.
"Tive amigos que infelizmente desistiram do curso. Quando saímos da nossa localidade, o que mais nos 'pega' é a questão espiritual. Não somos assistidos por psicólogos e isso dificulta a permanência. Acho que é necessário trabalhar esses detalhes para garantir que os alunos continuem em seus cursos", explicou.
Retorno para a comunidade
Cris Truká em seu estágio no Instituto de Saúde e Ação Social (ISAS)
Cris Truká
Segundo a coordenadora Renata Dias Souza, a maioria dos indígenas que estudam na Uefs desejam retornar para a comunidade após a conclusão do curso. Para os universitários Cris e Antônio não é diferente. A pernambucana que é estudante de agronomia está ligada ao curso desde a infância, quando acompanhava os pais na roça. Ela pretende atuar no ramo da agricultura familiar no seu território indígena.
“Dentro da perspectiva pessoal, me vi na posição de escolher um curso que trouxesse retorno para a minha comunidade”, explicou.
Já Antônio, que sempre quis atuar na área de saúde, se encantou pela odontologia. No segundo semestre do curso, ele já vislumbra retornar para Abaré, no norte da Bahia, onde cresceu.
"Eu vejo que voltar para o território é uma maneira de retribuir o que a comunidade me proporcionou. Quero trabalhar levando melhores condições de saúde através da odontologia", disse.
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Fonte: https://g1.globo.com/ba/bahia/noticia/2023/04/21/conheca-politicas-afirmativas-para-indigenas-na-uefs-universidade-na-bahia-tem-residencia-e-auxilio-para-autodeclarados.ghtml
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